O Garoto, do Chaplin, da à pequena televisão sua função.
De onde estávamos não conseguíamos assistir ao filme. Apenas a trilha nos acompanhava. É que era o banco da frente,
naquele lugar que habita o janelão de horizonte. Estávamos ali , quatro de nós e não
enxergávamos a tela. O ônibus que nos conduz tem dois andares. A perspectiva é
grande. Na frente um caminhão vermelho que parece de brinquedo leva inscrito:
água potável. Um misto de
facheiros e mandacarus da paisagens e violinos do filme. Somos garotos aqui na frente brincando de
adivinhar nuvem, brincando com céu, como lembrou Dinho. São pedras com cara de
cobra, nuvens que formam mapas. Um verde sem fim leva em seu meio detalhes de
árvores secas, todas juntinhas, formando copa baixa. Fica tudo etéreo. Ou seria
a trilha? Os nomes da cidades são poesia pura: Soledade, São José da Mata,
Pocinhos, Puxinanã , Galante. Comemos Tareco, uma delícia daquelas que dá
vontade de comer o saquinho inteiro de uma só vez, meio assim, amanteigado. Ter
dois garotos com a gente faz a gente ser assim, meio garoto também. Estamos
viajando por essa estrada tem duas horas e meia e faltam talvez mais duas e
meia. É tanto morro, tanto milho nas
vendinhas de beira de estrada, tanta pinha. Boca d`água! Vimos três cemitérios de automóveis. Num deles
um carro formava figura. Era a de um
homem atrás de uma mesa, atrás de uma pilha de papéis, atrás de um corredor,
nos fundos de uma repartição pública.
Bela a estrada que leva a Paraíba até
Pernambuco.
Avistamos uma placa: Aqui tem almoço, janta e mocotó. Paramos pra
comer, não ali na indicação da placa mas um pouco adiante. A trilha do Chaplin
continua...
Nem tudo é fulô.
"É nascê, vivê e morrê nossa herança naturá/todos tem que obedecê sem tê a quem se queixá/Foi o autõ da natureza com seu pudê e grandeza quem traçô nosso caminho/Cada quá nessa estrada tem nessa vida penada pôca fulô e muito ispinho".
Na volta muitas pedras de todos os tamanhos no caminho.
Tem-se a impressão que dali pode sair qualquer figura escondida. Também muitas borboletas , muitas flores amarelas no canteiro natural da estrada, muitos passarinhos.Um deles bate contra o nosso vidro.Nem tudo é fulô.
"É nascê, vivê e morrê nossa herança naturá/todos tem que obedecê sem tê a quem se queixá/Foi o autõ da natureza com seu pudê e grandeza quem traçô nosso caminho/Cada quá nessa estrada tem nessa vida penada pôca fulô e muito ispinho".
Esses são alguns desenhos de Theo e Miguel. Os dois garotos nos surpreendem a cada dia!
Cada texto um mundo mágico, Um mundo onde a alma se revela a cada curva.
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ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirVocês são sensacionais! Ganharam mais um leitor para o blog, sem dúvida! :)
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