Páginas

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Aqui em Itabaiana chove.


Aqui em Itabaiana chove. Chuva intermitente. ficamos recolhidos: é dia de regar.
Da sala vem o som da viola caipira de Maurício. Viola doída, chorada feito pingo. Na cozinha conversas de encosto de pia, daquelas que um pé levanta, feito galinha contemplando a vida. Dinho e Cris fazem o café. Preto, forte. Silêncio na casa. Estamos numa casa-pousada. Somente nós aqui. Dicinho na sala também. Do colchão onde sou não o vejo. Não sei o que faz, talvez estude, talvez descanse. Não vejo os outros também mas sei da viola pelos ouvidos e do café pelo cheiro. Alguns dormem. Marcos e Rodrigo. Nos fundos dessa casa tem uma goiabeira. Na frente um pé que não sei de que é. Mas tem umas espécies de brotos imensos vermelhos que vivem em cachos, como nós. Tem cachorro latindo e tem criança jogando bola na rua estreita. Também um galo que canta.O som vem de longe, bem longe.Apesar da hora. Começo a desconfiar que essa história que os galos cantam quando nasce o dia é bobagem. Quase reducionista. Acho que os galos cantam quando querem, como nós. São três horas e trinta minutos. É dia vinte e dois de junho.Aos poucos as saudades vão adentrando feito mosquito pela janela. Aqui tem muito. Mosquito e saudade.

E seguimos cantando e seguimos ouvindo:

https://www.youtube.com/watch?v=9wBVlE67QXM


Karen Menatti

Um comentário: