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domingo, 7 de março de 2010

Obviedade


Por Karen Menatti

Diante de toda a obviedade da beleza e cultura do Cariri , às vezes me sinto batendo numa mesma tecla, ingênua e deslumbrada!
Mas é difícil não se emocionar ao ouvir um garoto de nove anos dizer que seu filme preferido é Cine Paradiso "apesar de gostar muito de 'As Bicicletas de BelleVille' também"! Como não se deixar levar por essas sensacões ao ver criancas e adolescentes cuidando da rádio regional, ajudando na montagem e aparatos técnicos do espetáculo, desejando tornarem-se cineastas, arqueólogos, tudo isso enquanto brincam de pega-pega? Problemas existem em qualquer lugar, em qualquer projeto, claro! Mas essa tentativa constante de aprimoramento cultural e democrático não se vê a qualquer hora.
Nova Olinda não se resume às suas casinhas coloridas, seus megafones instalados nos postes para trasmitir a rádio Casa Grande e a Ave Maria Sertaneja todos os dias pontualmente às 18h00. Tem também Seu Zé de Eloia, cantador de benditos, Seu Expedito e sua bolsas, sandálias, cheiro de couro... Suas ruazinhas e ladeiras de pedras, seu clima atemporal, a Fundação Casa Grande...
Tem como não se comover ao ver um casal jovenzinho dando as mãos e chorando juntos ao ouvir "A Morte de Nanã", na linda interpretacão de Dinho Lima Flor? Ou ao cantar "... Faz pena um nortista tão forte e tão bravo, viver como escravo nas terras do sul..." e olhar nos olhos lacrimosos de um homem de chapéu preto e pele marcada de sol?
É, talvez eu seja óbvia e reduntante. Mas é mesmo, exatamente e verdadeiramente assim que me sinto hoje! Paulistana da enchente e do café expresso da Paulista, brasileira do samba, cearense das rendas e de Padre Cícero! Tudo misturado aqui dentro. Redundante e óbio!

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