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sábado, 6 de março de 2010

Seu Geraldo Alencar


Por Rodrigo Mercadante

Conhecemos em Assaré, Seu Geraldo Alencar. Poeta, sobrinho de Patativa, escreveu com ele " Conversas ao pé da Mesa", além de muitos outros livros de poesia. Patativa dizia que há muitos versejadores pelo mundo afora, mas poetas há poucos. Versejador é aquele que, entendendo a forma do Cordel e as regras da rima, é capaz de contar uma história sobre um caso, um acontecimento, fazer uma crítica, etc.... Mas o poeta é outra coisa! O poeta é filósofo, faz filosofia. Patativa dizia que Seu Geraldo Alencar era um verdadeiro poeta.
Tivemos com ele uma conversa breve, mas emocionante. Sentados no chão de areia da quadra onde há pouco apresentáramos nosso espetáculo, ouvimos Seu Geraldo declamar!
Seu Geraldo é um senhor que passou recentemente por um transplante de rins e por isso mesmo é um homem visivelmente frágil. Mas quando começa a declamar seus versos, os olhos brilham, a voz torna-se potente, os braços gesticulam, o corpo conta e canta! Como na retórica antiga, a declamação é parte importantíssima na poesia de tradição oral. Mesmo quando é escrita, como no caso de Seu Geraldo, é feita para ser dita, declamada, é pura performance.
Ele, como seu tio, escreve poesia matuta mas escreve também sonetos na forma clássica. Diz que gosta de "poesia branca" (poesia sem rima) desde que possa compreende-la. Senão não é poesia, é prosa ruim!
A poesia dita "popular" é o belo que tem que poder ser comunicado a todos os ouvintes. Patativa e Seu Geraldo Alencar detestam o hermetismo.
Perguntei a ele o que ele achava de Drummond e Pessoa, e ele respondeu que gostava dos poemas que era capaz de entender.
Prometo postar alguns de seus poemas aqui.

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