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sexta-feira, 5 de março de 2010

Aniversário



Por Rodrigo Mercadante

"Ah, meu Assaré amado
Eu sinto munto a sua sorte.
Tu és dos mais deserdado
Daqui das bandas do norte
...
Não posso te protegê
Nada tenho pra te dar
Mas porém quando eu morrer
Com razão vou te deixa
Uma pequena lembrança
Uma pequenina herança
Em nome do meu amô
O nome de um passarinho
Uma viola de pinho
E os verso de um cantador"

Hoje é dia 5 de março, data em que Patativa do Assaré comemoraria 101 anos.
Assaré é uma pequena cidade que tem sua paisagem atravessada pela poesia de Patativa. Patativa cantou sua pequenez. Ele está em cada esquina, sua imagem e seu retrato estão em cada canto, fragmentos de seus poemas escritos nas placas sob o nome das ruas. Para um artista(e nós artistas estamos sempre duvidando do poder da arte) é muito esclarecedor perceber que a poesia pode mudar até mesmo o desenho urbano de um lugar, inventar- lhe um rosto. As poesias serviam para eternizar os heróis, os poetas gregos cantavam os feitos olímpicos, mas Patativa cantou Assaré.
Ao chegar na cidade e ver as pessoas espalhadas pelas calçadas, levando suas vidas, simplesmente existindo, me pergunto até que ponto elas são conscientes do quanto o fato de Patativa ter existido e escrito poemas tão bons e se consagrado poeta, influencia na sua própria "autoestima", abrilhanta aquele lugar dentro de nós mesmos, que nos permite nos orgulhamos de pertencer à nossa terra natal. Um morador de Assaré tem no caminho da construção de sua subjetividade um pedaço de um verso de Patativa, ainda que dele não conheça nem um poema, nem mesmo um verso....
O corretor de texto colore de amarelo a poesia matuta de Patativa. Ou ele não entende, ou entende por demais.

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