Tijolos que edificam a alma...
Por Mariana Zinni
Quando fui ao TUSP assistir ao Concerto de Ispinho e Fulô, da Companhia do Tijolo, não tinha idéia do que ia encontrar lá. Sem expectativas prévias, sem muitas informações sobre o espetáculo, sem saber muito sobre o elenco.
Chegando lá, um rapaz que estava ali pela portaria me chamou a atenção. Tinha uma fisionomia que ma parecia conhecida, mas eu não conseguia me lembrar de onde. Como sou do interior, tenho essa mania de puxar assunto com as pessoas e fui logo perguntando a ele de onde o conhecia. Ele, humildemente, me respondeu seu nome – Rogério Tarifa, disse que era o diretor daquela peça, e que também tinha alguns trabalhos na Companhia São Jorge de Variedades.
Claro, era daí que o conhecia. Já tinha assistido ao espetáculo “O Santo Guerreiro e o Herói Desajustado” duas vezes: uma quando estiveram em Águas de São Pedro, participando de uma mostra de teatro da qual orgulho-me de fazer parte da organização, e outra durante a Virada Cultural Paulista, no pátio do Memorial de Resistência. Ambas, experiências absolutamente incríveis!
Trocamos meia dúzia de palavras, sua figura um tanto tímida, um pouco ansiosa, me despertando uma empatia enorme, pressagiando que o espetáculo me agradaria. Claro que eu já ouvira falar seu nome, como um jovem diretor de teatro extremamente competente, mas, ainda assim, eu não estava preparada para o que encontraria no palco.
Duas horas do melhor espetáculo que assisti na vida!
Um elenco impecável, música envolvente, história apaixonante, tudo isso orquestrado por uma emoção latente. Riso e choro brotam naturalmente da alma, inundada de poesia.
Um orgulho brasileiro, de ser conterrânea de Patativa do Assaré, personagem principal da história contada ali com uma maestria que também nos enche de orgulho... O talento de Dinho Lima Flor, a voz perfeita de Rodrigo Mercadante unida à doce voz de Karen Menatti, um jeito brasileiro de contar histórias brasileiras...
Saí de lá apaixonada! Completamente tomada pela loucura que costuma acompanhar a paixão!
Eu ainda voltaria no dia seguinte, assistir novamente à peça, que também assisti na abertura da mostra São Pedro e Águas em Cena 2010, cheia de orgulho de recebê-los aqui na minha cidade.
Esse episódio, aliás, merece uma história à parte... O pedido emocionado de Alexandre Mate para que a música final fosse cantada novamente, inteira, acompanhada pela platéia foi uma das muitas gratas surpresas que Rogério Tarifa e sua Companhia do Tijolo me trariam na vida.
Não sei por que o nome Companhia do Tijolo, não perguntei. Sei do significado que teve para mim: uma companhia teatral que edifica a alma. Constrói em nós pessoas melhores através da arte, da paixão, da poesia, da música.
Obrigada, Companhia do Tijolo, por construir em mim uma experiência incrível, por permitir que minha alma se ampliasse diante da magnitude do talento de vocês!
Que Dionísio, do alto do Olimpo derrame bênçãos sobre vocês eternamente! E que Patativa bata suas asas sempre trazendo bons ventos!
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